sexta-feira, 11 de junho de 2010


Peregrino, caminha devagar sobre terras distantes, vê rostos desconhecidos, não reconhece nenhuma face, nenhum lugar, nenhuma estrada, nem a poeira que seu caminhar faz lhe é conhecida, estrangeiro de si mesmo.

Seu olfato não capta sequer as alfazemas e jasmins, aromas não mais lhe remetem a momentos, prisioneiro de sentidos, nada lhe garante o aconchego.
Peregrino caminha devagar, está em busca de alicerces, dos seus alicerces, da sua base, do que lhe mantenha ereto nessa longa caminhada.

Caminha peregrino, seu caminhar mais parece um rastilho de pólvora, seus pés sempre apostos a combustão.

Peregrino caminha devagar, com o peso de mil fantasmas que lhe assombram, que rasgam suas noites e invadem seus sonhos, peregrino não consegue mais dormir, se não dorme, não consegue acordar, manhãs azuis, sequer consegue perceber.

Peregrino caminha pelos campos, ergue a cabeça,respira profundamente e segue, seguir é teu destino, explora teus recantos.

Peregrino caminha, não paralise, segue o percurso, limpa teus pés de toda lama, desata os nós dessa roupa, comece a sentir teu corpo, ative os sentidos... volte a respirar.

Peregrino,sinta como as pedras sob teu calçado são apenas pedras e você pode passar por elas sem se machucar, não desista da caminhada.
Sente o calor do sol mesmo nas mais frias manhãs, caminhar é bom, oxigena o corpo, aquece, denota vida.

Peregrino... concede esse prazer as tuas mãos, colhe as flores do caminho, sinta o quanto jasmins e lavandas perfumam...
E segue, segue sempre a caminhar, porque esse é teu destino...

Peregrinar.


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